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O uso frequente do salto alto pode prejudicar não apenas os pés e tornozelos, mas também as demais articulações do corpo, como é o caso dos quadris e da coluna. Isso acontece por causa da alteração no equilíbrio e na postura, decorrentes do salto.

 

O sapato de salto alto é um acessório muito querido e também bastante utilizado pelas mulheres, não apenas em ocasiões especiais, mas também no dia a dia. E é por esse mesmo motivo que é tão importante falar sobre os problemas na coluna, quadril, pés e até tornozelos, entre outras articulações, que o uso excessivo dos saltos pode causar.

São vários os possíveis problemas, dores e até inflamações que podem aparecer por conta do salto, que altera a maneira de andar e prejudica a postura e o equilíbrio normal do corpo. Essas alterações costumam afetar principalmente os pés, calcanhares, tornozelos, joelhos e coluna, que são algumas das estruturas mais importantes para a sustentação do corpo.

Entender como esse efeito ocorre é um passo importante tanto para ficar em alerta em relação aos sintomas quanto para prevenir complicações mais graves, como é o caso da bursite, tendinite, fascite plantar, metatarsalgia ou mesmo da entorse do tornozelo, que podem aparecer conforme o tempo.

Como acontece?

Como já explicado, o sapato de salto alto altera a postura ao andar. Isso acontece porque, ao alterar a angulação da coluna e o centro de gravidade do corpo a fim de se equilibrar em cima do sapato, a cabeça acaba indo para frente e os ombros para trás, modificando a estrutura corporal.

Esse simples fato faz com que o equilíbrio e a sustentação do corpo fiquem comprometidos, ou seja, sem a estabilidade necessária. Isso acaba prejudicando regiões como o pescoço, a lombar, os joelhos, os tornozelos, os quadris e até mesmo os pés e calcanhares – que sofrem com o aumento da pressão e com outras complicações.

O nível dessa alteração na postura vai depender de detalhes como o tamanho do salto. Isto é, saltos maiores – com cinco centímetros ou mais – tendem a ser mais prejudiciais, enquanto os menores e mais grossos oferecem um pouco mais de segurança. Outro ponto a se atentar é a quantidade de horas que se passa por dia com os saltos: pessoas que usam saltos mais de três vezes por semana, cerca de sete horas por dia, costumam estar mais propensas a acidentes ou ao surgimento de alguma complicação.

Cada membro do corpo sentirá as alterações do uso excessivo dos saltos e a falta de estabilidade ou comprometimento do equilíbrio de uma maneira diferente, dentre algumas dessas alterações estão:

- Joelhos: há maior pressão e chances de inflamação, além de desgaste das estruturas;

- Coluna: a alteração no ângulo do corpo pode fazer com que a postura mude e se projete para frente, aumentando as dores lombares. Em muitos casos pode surgir ainda uma possível lordose lombar, provocada pela curvatura anormal da coluna;

- Panturrilhas: o uso do salto faz com que elas fiquem quase sempre contraídas, podendo gerar um encurtamento dos músculos da região;

- Pés: é comum surgir joanetes e dor na planta do pé, entre outros sintomas que podem estar relacionados a outras condições.

Quais os sintomas e problemas causados pelo uso do salto?

Quando se coloca uma carga muito pesada na parte da frente dos pés é comum que as demais articulações do corpo comecem a sofrer com as consequências e, disso, surjam sintomas que vão além da dor nos pés, como:

- Dor na coluna, calcanhar, quadris e joelhos;

- Calos e joanetes;

- Diminuição da flexibilidade;

- Unhas encravadas;

- Sensibilidade nos pés e demais articulações;

- Inchaço nas articulações.

Com o tempo esses sintomas podem evoluir para condições mais críticas, principalmente quando há a insistência no uso dos sapatos de salto.

Entre os problemas mais comuns causados pelo uso do salto alto estão:

- Inflamações como a bursite ou a tendinite – ambas muito doloridas e que podem aparecer em diferentes áreas do corpo, como nos pés e joelhos;

- Fascite plantar: outro tipo de inflamação que acomete o tecido que liga o osso do calcanhar aos dedos;

- Metatarsalgia, que é quando ocorre o espessamento do tecido ao redor de um nervo importante nos pés;

- Uma série de problemas na coluna, como a lombalgia.

A entorse do tornozelo é outra alteração que aparece com frequência, geralmente como resultado de um acidente e agravada pela fragilidade do tornozelo, que é causada pelo uso constante do salto.

Como prevenir?

A principal dica para se prevenir problemas como os citados é a redução do uso dos saltos, sempre tentando investir mais em opções como os tênis, que oferecem maior conforto e segurança – principalmente na realização de atividades físicas, para se passar muitas horas em pé em dias movimentados, ou para caminhar.

Quando não for possível, vale procurar por sapatos de salto um pouco menores e mais grossos, que ofereçam maior segurança às articulações, com bicos arredondados ou quadrados e com solados emborrachados, que absorvem melhor os impactos. Outra dica interessante é tirar os saltos ao se sentar e procurar apoiar os pés diretamente no chão.

Nos momentos de maior dor ou após muitas horas com o salto, imergir os pés em água morna, massagear e fazer alongamentos pode ajudar a amenizar os sintomas. Mas, caso haja persistência ou os sintomas apareçam com certa frequência, é importante que se procure por um médico ortopedista que possa fazer um diagnóstico específico e indicar o melhor tratamento.

Por fim, é interessante ainda ressaltar que a fisioterapia pode ser de grande ajuda tanto para as mulheres que já sofrem com esses problemas quanto como prevenção. Durante as sessões são realizadas uma série de exercícios e alongamentos que vão fortalecer as articulações, corrigir a postura e, quando necessário, aliviar também as dores e outros sintomas.

Responsável Técnico

Dr Sergio Kishio Morioka - CRM 44853
Bacia - Quadril – Joelho
Cargo na clínica