O que é?
Necrose da cabeça femoral, também conhecida como osteonecrose, é a morte de uma ou mais células ósseas devido a interrupção da circulação de sangue em uma determinada região, causando deformação ou mau funcionamento da cabeça do fêmur (normalmente em mais de 50%). Na maioria dos casos traumáticos da doença, a destruição total da articulação pode demorar cerca de três a cinco anos.
A doença foi identificada pela primeira vez em 1738, por Alexander Munro, professor de anatomia e doutor por Edinburgo, que deu o nome de Necrose Avascular da Cabeça Femoral (NACF). Desde então, o conhecimento sobre a osteonecrose e sobre as formas de tratamento só evoluíram.
Quais as causas?
Existe uma série de causas e fatores de risco que podem contribuir para o surgimento da doença, mas ainda não se descobriu uma causa definitiva. Sabe-se que as três causas mais frequentes são: traumas, como luxações e fraturas que afetem a cabeça do fêmur; usuários de medicamentos corticoides e consumidores de álcool (o aumento gradativo do consumo também aumenta a chance da doença).
Entretanto, existem outros motivos que possibilitam o avanço da osteonecrose, como outras doenças - inflamações, doença de Gaucher (hereditária), anemia, pancreatite e doenças auto-imunes).
A osteonecrose incide sobre pessoas entre 20 a 50 anos e é bem mais comum em homens que em mulheres. Usuários crônicos de corticoides, alcóolatras, pessoas que realizam tratamentos como quimioterapia e radioterapia, grávidas e mergulhadores que não realizam a descompressão adequada (causando a doença do caixão) estão sujeitos a desencadear a osteonecrose.
Quais são os sintomas?
Nas fases iniciais da necrose da cabeça femoral, os sintomas são pouco perceptíveis, com exceção da dor, que é sentida levemente e vai progredindo conforme o avanço da doença. A dor é sentida predominantemente na virilha, região dos glúteos, na coxa e possivelmente no joelho.
Com o tempo e a evolução da doença, a dor pode torna-se constante e aguda, de modo que a pessoa fica incapaz de usar o quadril normalmente e acaba mancando e em alguns casos precisando de muletas.
Determinado os sintomas, como é feito o diagnóstico?
Apesar de a maioria dos pacientes só procurar tratamento médico quando a doença já está em um estado avançado, é crucial que seja feito um diagnóstico precoce para que os tratamentos sejam mais simples e eficazes.
Para o diagnóstico, o médico se atentará ao histórico médico pessoal do paciente, ao histórico médico familiar, às atividades diárias e aos sintomas apresentados por ele. A segunda parte do diagnóstico é composta do exame físico, onde o ortopedista especializado em quadril vai analisar a mobilidade e o desempenho da articulação. Exames como radiografias, ressonância magnética e até mesmo biópsias podem ser pedidas pelo doutor para poder identificar com mais veracidade a doença.
Quais são os tipos de tratamento?
Existe uma série de tratamentos indicados para tratar a osteonecrose,divididos entre conservadores e cirúrgicos, são indicados de acordo com a gravidade da lesão. No tratamento conservador, é recomendado que o paciente faça repouso da articulação, afastamento das atividades diárias (se elas forem intensas), e uso de bengala ou muletas. Junto a isso, soma-se o tratamento farmacológico, com vasodilatadores, anticoagulantes, analgésicos e anti-inflamatórios, além também de sessões de fisioterapia onde pode-se usar eletrochoque para melhorar a circulação da articulação.
Contudo, esse tipo de tratamento pode não ser suficiente nos casos mais avançados da doença, quando há grande comprometimento da articulação. Dessa forma, o tratamento cirúrgico se faz necessário.
Tratamento Cirúrgico
Há diversas opções de tratamentos cirúrgicos para a osteonecrose, como a cirurgia de descompressão, a osteotomia e os enxertos vascularizados. No caso da descompressão, ela é indicada para os casos graves, mas que ainda não tenham entrado em colapso (comprometendo por demasiado o funcionamento da articulação). Ela consiste em aliviar a grande pressão da cabeça femoral, aliviando a dor e apresentando uma taxa positiva entre 70% e 90%.
No caso da osteotomia, o objetivo é realizar um pequeno corte no fêmur, onde seja possível retirar a zona óssea afetada e diminuir a transmissão de força. Esse procedimento é mais agressivo e é seguido da cirurgia de enxerto vascularizado, que é utilizada para dar suporte estrutural ao osso lesionado. Esse procedimento é geralmente utilizado com o auxílio de uma área doadora, como fíbula ou a crista ilíaca, além de possuir diferentes indicações e resultados médicos.
Contudo, quando o comprometimento da articulação for total, é recomendada a artroplastia total (constituída de prótese). A osteoartrose é responsável por cerca de 10% de todas as artroplastias, além de ter evoluído muito nos últimos vinte anos e possibilitar o retorno quase total das atividades físicas. A prótese geralmente é feita de plástico ou metal, com duração média de 10 a 15 anos após a cirurgia.
Informações de recuperação e pós-operatórias
A reabilitação varia de acordo com uma série de fatores, como a capacidade de cada paciente, o tipo das próteses e a complexidade da cirurgia. No caso da artroplastia, o paciente pode ter alta entre três e seis dias após a cirurgia. É recomendado que o paciente também realize exercícios isométricos, sessões de fisioterapia leve (com intensificação dos exercícios após a sexta semana da operação. Se a reabilitação for bem sucedida, o paciente retoma as atividade normais em um período dividido entre 6 e 10 meses.