O que é?
O ligamento cruzado posterior está localizado na parte de trás do joelho, conectando a parte de trás do fêmur, que é o osso da coxa, à parte de trás da tíbia, que é o osso da perna, e atrás do ligamento cruzado anterior.
Ele é constituído por duas bandas ou feixes de tecido que se inserem no fêmur. Uma banda é denominada de ântero-lateral, que é a banda mais forte, resistente e tensa ao se realizar flexão da perna. A outra banda é denominada de póstero –lateral, que é mais estreita, menos resistente e mais tensa ao se realizar a extensão da perna.
O ligamento cruzado posterior tem como função estabilizar o joelho e controlar a movimentação de tíbia para trás em relação ao fêmur, que é o movimento de flexão da perna.
Devido ao joelho ser uma articulação mais suscetível ao trauma, pode ocorrer uma lesão do ligamento cruzado posterior.
A lesão do ligamento cruzado posterior é mais rara do que a lesão do ligamento cruzado anterior, correspondendo a 3% das lesões ligamentares do joelho. Essa lesão pode ocorrer de forma isolada quando uma ou as duas bandas são acometidas, ou pode ser combinada, quando está associada a lesões de outros ligamentos ou do menisco.
Quais as causas?
A grande maioria dos casos de lesão do ligamento cruzado posterior tem como causa os traumas de alta energia como os acidentes de trânsito, principalmente os acidentes com motos e atropelamentos.
Acidentes ciclísticos também podem ser os causadores da lesão do ligamento cruzado posterior.
Apesar dos acidentes serem as causas mais freqüentes, fatores como queda de altura e entorses sofridos durante a prática de algumas modalidades esportivas podem levar à lesão.
Qual é o grupo de risco?
O grupo de risco para a lesão do ligamento cruzado posterior é inespecífico, pois pode ocorrer com pessoas de ambos os sexos e em todas as idades.
Embora a incidência seja menor do que o de pessoas que sofreram algum acidente, os atletas que praticam algumas modalidades esportivas como o rugby, futebol americano e lutas podem estar mais expostos a sofrer entorses e, como conseqüência, apresentarem a lesão do ligamento cruzado posterior.
Quais os sintomas?
O principal sintoma apresentado é a dor no joelho e o inchaço, que podem permanecer por um período de até 4 semanas. O paciente também pode apresentar uma insegurança ao se movimentar devido ao joelho falhando, principalmente ao se modificar a direção.
Outro sintoma que pode ser apresentado é o joelho instável, característica que pode permanecer por um período superior a 4 semanas.
Como é determinado o diagnóstico?
O diagnóstico deve ser realizado por um médico ortopedista especialista em joelho.
O médico deverá se basear no histórico do paciente, bem como nos sintomas apresentados pelo mesmo, juntamente com a realização de um exame físico.
Ao exame físico, deverá se realizar uma avaliação da movimentação da tíbia para trás em relação ao fêmur. A realização dessa manobra permite ao médico identificar o grau dos achados do exame físico, que pode variar de 0 a 4. Uma avaliação contra-lateral também deve ser realizada para que não ocorra um falso diagnóstico positivo para a lesão do ligamento cruzado posterior, que pode ser confundindo com a hiperfrouxidão ligamentar.
A realização da ressonância magnética pode ser solicitada para uma melhor avaliação da lesão do ligamento e de outras estruturas presentes no joelho que podem estar associadas à lesão.
Determinado o diagnóstico, qual o tratamento mais indicado?
O tratamento mais indicado é o conservador. Nesse tipo de tratamento é indicado que o paciente faça repouso e o médico pode prescrever o uso de medicamentos antiiflamatórios para a melhora dos quadros de dor e inchaço. Geralmente o paciente pode caminhar apoiando a perna no chão.
O médico pode indicar o uso de uma órtese do tipo brace articulado, a fim de proteger a articulação e de evitar que ocorram outras lesões.
A reabilitação por meio da fisioterapia deve ser realizada com a finalidade de minimizar os sintomas, da melhora do movimento e do fortalecimento muscular.
Se o paciente apresentar melhora do quadro geral este poderá realizar exercícios, mas sob supervisão e orientação de um profissional de educação física.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico só deve ser realizado quando não houver melhora do quadro com o tratamento conservador, nos casos onde a instabilidade for grande desde o inicio e em casos onde houver lesões associadas, como uma lesão do menisco.
A cirurgia tem como objetivo restabelecer a movimentação e a função do joelho. O procedimento cirúrgico pode ser realizado por meio de artroscopia do joelho, onde a reconstrução é feita com uso de enxerto de tendão. Este é colocado no lugar do ligamento cruzado posterior e é fixado por parafusos.
Podem ser utilizados como enxertos o tendão flexor da coxa e o tendão patelar, sendo que este é mais forte do que o flexor da coxa.
Informações de recuperação e curiosidades
O período pós-operatório deve incluir a reabilitação por meio da fisioterapia, que promove uma melhora do quadro de dor e inchaço pós-cirúrgico.
O paciente poderá realizar movimentos de extensão ativa e flexão passiva a partir do quinto dia e poderá tocar o solo assim que conseguir tolerar a dor. Isso pode ser feito com ou sem o auxilio de muletas e somente se não houver outras lesões ligamentares ou de menisco associadas.
Após a sexta semana deverá ser iniciada a reabilitação muscular e de movimento. A partir do terceiro mês o paciente poderá dar inicio a alguns exercícios, como a natação. Outras atividades físicas devem ser realizadas somente após o período mínimo de seis meses.